O título acima pretende chamar a atenção para o fato de o Brasil ter
hegemonia no mercado internacional de carnes de frango, tema da
reportagem em questão. Em outras palavras, seu único rival é ele mesmo.
Do ponto de vista gramatical, a questão é o uso do pronome pessoal.
Vale a pena lembrar que as formas eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles e
elas são pronomes pessoais do caso reto, o que quer dizer que devem
ocupar as posições de sujeito ou predicativo do sujeito. Depois de
preposições, portanto em funções complementares, empregam-se os pronomes
oblíquos tônicos: mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, eles, elas. As
formas “mim” e “ti” sempre vêm depois de preposições (para mim, contra
mim, sem mim, de mim, entre mim e ti etc.), a forma “si”, no português
do Brasil, é usada apenas com valor reflexivo, ou seja, quando o
complemento reflete o sujeito. Nessa situação, é frequente o emprego do
de monstrativo reforçativo “mesmo”, o que resulta em construções como “a
si mesmo” ou “a si mesmos”, “de si mesmo” ou “de si mesmos” etc.
A esta altura, o leitor atento já percebeu qual é o defeito da
construção da frase em epígrafe. O Brasil é rival de si mesmo, não
“dele” mesmo. O pronome “ele” precedido da preposição “de” (“dele”)
remete, nesse período, ao termo “consultor”: “Consultor diz que, em
aves, Brasil é rival dele”. A palavra “mesmo” poderia até ser lida como
um advérbio, equivalente a “realmente”, “de fato” (“é mesmo rival
dele”).
A construção correta, do ponto de vista da norma culta, é a seguinte:
Consultor diz que, em aves, Brasil é rival de si mesmo
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